herói no espelho
então...
quem sou eu...
alguém que
sinceramente
gostaria
gostaria de fazer a diferença
salve quem sabe voar a todo o instante
salve quem arrisca a vida por baleias
salve quem atira coquetéis molotov
quem ama o mundo e as pessoas
quem o faz sem se apaixonar
quem vê as coisas
muito além da lente do próprio umbigo
além dos cento e oitenta graus nublados
mas quem sou se esforça
e luta contra o motor da mediocridade
essa máquina
que nos transforma todos em merda
quero aquilo que não tenho
até me emociono e compadeço
derramo lágrimas sinceras pelo alheio
porém, meu verdadeiro pranto
é pelo anti-herói que há em mim
o intelectual incipiente, pseudo-sábio
o herói incipiente, herói sem rosto
o desconhecido
artista rupestre de egoísmos
arquiteto de desculpas
a pálida dúvida
que atormenta
aniquila
pálida como sangue desmaiado
a dúvida que é um deus
um deus mau e blasfemador
minha dúvida deusa e irmã
a desconstruir
meus instintos genéticos
herméticos como maldição
sutis como maldição
minha dúvida
que é o meu oxigênio
vital e envenenado
quem sou?
sou o martelo
contra minha própria cabeça?
sou o flashback em forma de pão?
sou o manjar dos demônios?
sou o holocausto no tabernáculo?
sou o chipanzé vendo TV?
sou o papagaio poeta?
o destruidor de mim
a poeira de mim
a argamassa de mim
a construção da estrela que virá.
(L.F.S.)
3 comentários:
caramba, mano, que poema magistral! uma catarse intrincada-paranóica-heterogênea-subjetiva-expansiva divinamente humana.
despiste-te elegantemente e criativamente.
na boa, queria tê-lo escrito.
abração.
bela construção, belo plano de escrita. parabéns.
Grande Luciano!
Tenho a honra de poder conhecê-lo e poder parabenizá-lo pelo seu trabalho genial!
Já li varios dos seus posts e acompanho sempre teu blog!
Aproveito ainda para agradecer sua visita ao meu blog e também para lhe desejar um ótimo ano que chega em nossos calendários!
Forte abraço e muito sucesso pra ti!
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